sexta-feira, 19 de abril de 2013

À sombra da bananeira



Numa fotografia amarelecida pelo tempo, o então condutor auto Manuel Mendes Domingos, um jovem de pouco mais de vinte anos, na Guiné, para onde fora enviado como tantos outros.

Nesta foto de 1963, quase no fim de uma comissão de cerca de dois anos e à sombra da bananeira, o sorriso é sintomático e revelador que o contador dos dias que ainda faltam para o regresso à sua terra e ao convívio dos seus, se vai aproximando do zero.
Resta saber se a rendição, sempre tão esperada, se fará sem atrasos.

Já lá vai meio século. Recorda os dias e as noites difíceis que passou, as incertezas e os sobressaltos que o atormentaram, os estrondos e também os perigosos silêncios, o silvo das balas, o rebentamento de minas, granadas e obuses.
E lembra com saudade os que não tiveram a alegria de regressar.

Foto de Maria Alice H. Domingos 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Uma foto no Parque



Antigamente era costume as famílias passearem aos domingos pelos jardins e parques da cidade de Lisboa. E esta fotografia retirada do álbum das recordações traz-nos à memória o passeio que estas três jovens fizeram pelo Parque Eduardo VII, uma novidade para elas e um espaço tão diferente daquele a que estavam habituadas nas suas aldeias distantes.

Maria Alice Domingos Henriques com a mão em cima do ombro da sobrinha Arminda Domingos Silva, prematuramente desaparecida do nosso convívio e a mais jovem das três, Maria Lucília, do Carvalhal.

Foi em 1950. Quando as famílias depois de uma semana de árduo trabalho aproveitavam o domingo para passear, conviver e confraternizar com os amigos. Foi no tempo em que as pessoas viviam de um modo diferente e ainda falavam umas com as outras. Hoje comunicam pelos dedos.

Foto de Maria Alice H. Domingos

Brincando ao Carnaval



Já passaram cinquenta anos sobre este momento de alegria e descontracção. Hoje, decorrido todo este tempo, Manuel Mendes Domingos, aqui a “rapariguinha jeitosa” na foto, recorda-nos a sua passagem pelo Hospital Militar em Bissau, onde esteve internado por alturas do Carnaval. Corria o ano de 1962. A Guiné era um terrível teatro de operações para onde eram enviados milhares de jovens. Para além da guerra o clima adverso provocava também as suas baixas. Felizmente que “a jovem de caicai” regressou.

Foto de Maria Alice H. Domingos