terça-feira, 30 de setembro de 2008

Recordações do passado (LIV)




"Ofereço o meu retrato como prenda de amizade à minha avó.
António Domingos Neves
Lisboa, 22/9/913"

Noventa e cinco anos passaram desde a data que se encontra nesta dedicatória escrita nas costas da fotografia.
Grande dirigente da União Progressiva da Freguesia do Colmeal.
Desde muito cedo se evidenciou pelo entusiasmo que colocava em tudo o que fazia em prol do desenvolvimento que pretendia para as aldeias da sua freguesia e que tão esquecidas estavam.
Deixou-nos cedo demais, com apenas 38 anos.

Fotografia cedida por A. Domingos Santos

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Homens da União




Numa altura em que a União Progressiva da Freguesia do Colmeal festeja os seus 77 anos de existência, será de toda a justiça trazer a este "Cantinho da Saudade" dois nomes que muito fizeram pela colectividade e pelo regionalismo na nossa freguesia.
São dois irmãos, um dos quais ainda se encontra entre nós.
Filhos de um outro grande regionalista dos primeiros anos da União.
As fotografias serão de finais da década de dez e princípio dos anos vinte do século passado.

O primeiro iniciou o seu percurso como 1.º Secretário da Assembleia-Geral em Dezembro de 1942 quando esta era presidida por Joaquim Francisco Neves e a Direcção liderada por António Domingos Neves. Manteve o lugar no mandato seguinte.
Regressa em Maio de 1955 como Vogal da Direcção já com Manuel Martins da Cruz ao leme.
Nos dois mandatos seguintes ocupa o lugar de 1.º Secretário. Em Fevereiro de 1962 volta ao seu primeiro cargo onde se mantém até Abril de 1967, ano em que passa para Vice-Presidente da Direcção, então comandada por António Simões Lopes e onde fica até 9 de Março de 1969. Nesta data assume a presidência numa Direcção em que vai trabalhar com João de Deus Duarte, António Domingos Santos, Eduardo dos Santos Ferreira, António Ferreira Ramos, Manuel Simões Nunes, José Braz, Manuel Martins Barata, Alberto Fernandes da Luz, Sebastião Henriques e João Duarte.
Em Março de 1971 regressa à Assembleia-Geral como Vice-Presidente, onde se mantém até Março de 1973, com Manuel Martins da Cruz a presidir e João de Deus Duarte e António Domingos Santos como secretários.
Volta em Julho de 1976 para assumir a presidência da Assembleia-Geral. Nos dois anos seguintes passa pelo Conselho Fiscal como Relator e de Março de 1979 a Março de 1982 assume a presidência deste órgão.
Quarenta anos com algumas intermitências ao serviço da colectividade. Um exemplo a ser olhado não só pelos mais novos, mas por todos aqueles que dão um pouco do seu tempo a esta causa e se interessam por ela. Faleceu em 8 de Março de 2006.

O segundo, como no princípio referimos, ainda se encontra entre nós.
Já aqui o recordamos neste espaço há uns meses atrás. Em 18 de Janeiro de 1948 é eleito 1º Secretário da Assembleia-Geral, cargo que desempenha até final de 1952.
Após um pequeno interregno motivado pela sua saída para o ex Congo Belga, volta a desempenhar outros vários cargos entre Dezembro de 1955 e 1970 - Vogal da Direcção e da Comissão de Festas e Assistência, Secretário e Vice-Presidente da Assembleia-Geral.
São desses anos as famosas, muito concorridas e animadas festas que a União levava a efeito no salão nobre da Casa das Beiras, no Largo de São Domingos, em Lisboa.Em 1979 é eleito Vice Presidente da A. G. tendo nos dois anos seguintes ocupado o cargo de Presidente no mesmo órgão.O seu último acto foi o de presidir à Assembleia-Geral de 20 de Março de 1982, tendo sido secretariado por Pedro Gaspar Freire e António Domingos Santos.Sabemos que continua a acompanhar as actividades da União Progressiva. Outro exemplo de grande dedicação à causa regionalista, alegria contagiante no que fazia e disponibilidade total para uma entreajuda sem limites.

Estivémos a recordar os filhos de Maria Adelaide Reis e António Nunes dos Reis - Armando Nunes dos Reis e Horácio Nunes dos Reis.

Recolha de dados e fotografias cedidas por A. Domingos Santos

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Recordações do passado (LIII)




"Meu pai quando era militar. Faleceu com 28 anos."
É a indicação que ficou escrita no verso desta fotografia com aproximadamente cem anos.
António Domingos foi casado com Maria Inocência Neves. Deixou três filhos. António Domingos Neves, um dos fundadores da União e um grande regionalista; Ilda, precocemente desaparecida com apenas dois anos e Arminda Neves Domingos Santos, que guardou religiosamente a fotografia do pai, com quem muito pouco conviveu, face ao seu desaparecimento prematuro.

Foto cedida por A. Domingos Santos

sábado, 20 de setembro de 2008

Colmeal em dia de festa




(clique nas fotos para ampliar)

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A procissão percorrendo as ruas de um Colmeal que nos dias de hoje temos muita dificuldade em reconhecer. Já passaram cerca de sessenta anos depois destas fotografias terem sido tiradas. Seria assim o Estreitinho? Seria assim a proximidade do então Largo da Fonte?
Crianças alinhadas e compenetradas no dia da sua comunhão. Rapazes e raparigas ocupando os seus respectivos lugares nesta procissão que se repete ano após ano. Mas agora com muito menos crianças.
Atrás do pálio sob o qual vai o sacerdote levando a Cruz, seguem as fogaças. Broa, milho, feijão, queijos, enchidos, presunto, azeite, mel. Em cestas, à cabeça de mulheres. Algumas vieram das aldeias distantes da freguesia. Serão leiloadas no adro da igreja em benefício dos vários santos. Depois, a filarmónica e atrás o povo crente na sua devoção e nas suas orações.
Reconhecem-se os saudosos Padres Américo Braz da Costa e André de Almeida Freire.

Fotos cedidas por Rui Fernandes de Almeida

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Jovens no rio



Pelos anos quarenta alguns jovens posavam para a fotografia que hoje aqui vos trazemos. Fato de banho da época e umas botas das que se usavam "para todo o serviço". Para ir ao mato, à missa ou para ir à festa. Ténis de marca ou havaianas eram coisas ainda não inventadas.
Será que além do banho aproveitavam para apanhar uns peixinhos? Que eram tão bons. Bem fritinhos.
Julgamos reconhecer o banhista da direita, Alberto Fontes. E os outros?
Será que as fragas são as da Cortada?

Foto cedida por António Marques de Almeida (Tonito)

Almoço da União



Esta fotografia reporta-nos aos primeiros anos da década de sessenta. Almoço comemorativo de um aniversário da União Progressiva da Freguesia do Colmeal.
Reconhecemos Horácio Nunes dos Reis, (?), Manuel Francisco Braz, Armando Nunes dos Reis, Abel dos Santos, Fernando Henriques da Costa, Alfredo Marques da Costa, Manuel Martins Barata e António Marques da Costa. Arminda Neves Domingos Santos, Maria do Carmo Canelas Costa, Maria Urbana Henriques, Celeste Cecília Lopes de Oliveira Barata e Manuel Braz das Neves. De todos, apenas quatro se encontram entre nós.
Naquele tempo só os homens desempenhavam cargos nos diversos órgãos da colectividade. Nas outras terras acontecia o mesmo.
Os que recordamos com saudade nesta fotografia, todos eles se esforçaram nos vários lugares por onde foram passando ao longo dos anos. E eram tempos bem mais difíceis. Havia a estrada para trazer até à aldeia, a luz para substituir o candeeiro a petróleo, o cântaro da água que se queria abandonar e tantas outras necessidades que foram eliminando uma após outra.

Os pioneiros, os fundadores, aqueles que enfrentaram as primeiras grandes dificuldades e as venceram, já não estão entre nós. O seu trabalho tem sido continuado, em diferentes moldes porque os tempos são outros, por outras gerações. Vamos continuar a desenvolver esforços para que a União mantenha o lugar a que tem direito no regionalismo serrano.

UPFC

Fotografia cedida por António Marques de Almeida (Tonito)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Neve no Colmeal





Balada da Neve (Augusto Gil)

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, não é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
– Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
– e cai no meu coração.


Muitos de nós ao olharmos para estas fotografias tiradas no Colmeal em 1980, trazemos à memória e recordamos os belos versos de Augusto Gil, que aprendíamos na escola. Outros que não passaram pelos seus bancos, recordam certamente o que passaram pelos montes e vales atrás do gado ou a roçar um molho de mato.

Fotos cedidas por António Marques de Almeida (Tonito)
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UPFC

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Recordações do passado (LII)



Maria Eugénia e Júlia Braz, em dia de comunhão, com a fé espelhada nos seus olhitos de catraias, numa fotografia dos primeiros anos da década de cinquenta do século passado.
Ambas têm as suas origens na vizinha e bonita aldeia do Soito.

Foto cedida por Maria Eugénia Brás