domingo, 2 de março de 2008

O meu álbum de fotografias (parte II)


Olhando para esta fotografia de hoje e comparando-a com a de há sessenta anos percebe-se facilmente que muita coisa mudou.
A camioneta da carreira já não larga o pessoal que vem de Lisboa depois de uma cansativa viagem.
Viagem que começava no Rossio ou em Santa Apolónia, na noite anterior, com o embarque no combóio correio.
Malas, sacos, cestos e farnéis. Muitos amigos para se despedirem dos que partiam.
Em Coimbra, a paragem interminável e as manobras entre estações. As bilhas de água e as arrufadas (bolo doce que é tradicionalmente fabricado na região).
A automotora para a Lousã... com paragem em todas.
As curvas da estrada vencidas com dificuldade pelo raiar da manhã e em que alguns estômagos não eram muito compatíveis com o cheiro do gasóleo e ao tempo não havia daqueles sacos próprios para essas situações.
Era mesmo uma odisseia, tal como referíamos aquando da publicação da anterior fotografia. Homens e mulheres subiam a serra durante a madrugada para receberem os viajantes e poderem levar as suas bagagens.
A casa da senhora Martinha estava sempre aberta para os que chegavam e para os que partiam.
O farnel ou o que sobrava dele era repartido e ajudava a retemperar as energias até aos pontos de destino.
Mais quatro horas a descer, no caso do Colmeal. Mas valia a pena.
Hoje... é tudo muito mais fácil.
Mas, infelizmente há quem se esqueça das suas origens.

António Santos

Sem comentários: